2021 - Morro da Borússia
O Morro da Borússia é um tradicional ponto turístico do litoral gaúcho, com uma vista excelente a partir da plataforma para decolagem de paragliders.
Mas assistir lá o nascer do sol é um espetáculo à parte. Saindo de Porto Alegre pelas 4:30, no frio de uma madrugada de junho, chega-se tranquilamente para assistir a cidade de Osório ainda dormindo, e aos poucos a claridade aparecer. As lagoas da região, a linha do oceano no horizonte, os parque eólicos e a cidade vão a cada minuto mudando suas cores, e as luzes artificiais trocadas pela do sol.
Um pouco mais ao norte a Lagoa da Pinguela, que aparece no vídeo, vai também acordando enquanto as aves diurnas substituem as corujas da região.
O Morro da Borússia é como se fosse uma esquina da Serra Geral, que acaba abruptamente na direção sul e segue na direção oeste, formando os paredões mais suaves da região da serra gaúcha.
Um terraplanista desavisado, olhando a vista lá em baixo, acharia que é o fim do mundo e o começo de outro. Não é por nada portanto que a cidade de Osório se formou 400 metros abaixo.
No passado, e até hoje, este ponto é passagem natural para quem segue para o norte pelo caminho mais fácil das terras planas junto ao mar. As 23 lagoas da região foram também meio de transporte para as cidades do norte, na década de 40, quando as estradas eram picadas. Os paredões da Serra Geral que seguem para o norte formam vários cânions, sendo o primeiro o de Maquiné, um bom passeio para quem quer seguir depois do nascer do sol.
Outros mais famosos ao norte, como o Itaimbezinho e Fortaleza, fazem a divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Para quem segue da Borússia para o norte, pelo alto, uma estrada de surpreendente paz leva a Caraá. A estrada serpenteia as montanhas junto com o arroio Caraá, que se junta ao Rio dos Sinos não muito longe de suas nascentes.
O Morro é assim o limite sudeste da bacia do Sinos. Borússia é o nome latino para Prússia, mas não entendo porque este nome foi dado à região do morro.
A região foi colonizada predominantemente por açorianos e foi um dos locais em que teve início a “história brasileira do Rio Grande do Sul”. Em 1764, o governador do Rio Grande, José Arcelino distribuiu terras aos açorianos que começaram a colonizar a região, criando assim em 1773 a freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Arroio, hoje Osório. A partir de 1780 o trigo foi capaz de promover a riqueza de alguns, que se expressou na compra de escravos de Moçambique para a aplicação das lavouras. Foram formados quilombos nas região, cuja presença e história são evocados pela Festa de Maçambique, que existe até hoje em Osório.
O Maçambique é uma das variações gaúchas das Congadas, uma tradição presente em todo o território brasileiro que possui origens e influências nas festas de coroação de reis negros praticadas durante o período colonial, assim como breves influências portuguesas e, dependendo do local, também indígenas. Em Osório é praticada por negros devotos à Nossa senhora do Rosário que, através de seus cantos, tambores e danças, pagam promessas por graças atendidas pela santa. É uma dança dramática de caráter guerreiro, em que cada dançarino carrega um bastão de madeira, com o qual golpeia o bastão do vizinho.
A APA Morro de Osório foi criada em 1994 através da Lei Municipal no.2.665/94 de 27 de setembro de 1994. Em 1995 a Prefeitura Municipal de Osório firmou com a Fundação de Apoio a Tecnologia e Ciência (FATEC) da UFSM, convenio para elaboração do documento chamado “APA de Osório – Morro da Borússia”, que objetivava servir de base para a preservação do Morro da Borússia. São áreas de baixa densidade populacional, com pequenas propriedades rurais.