São Leopoldo, situada a 35 km de Porto Alegre, é reconhecida como o “berço da imigração alemã” no Brasil. Fundada em 25 de julho de 1824, a cidade cresceu às margens do Rio dos Sinos, eixo natural que moldou sua geografia e seu modo de vida desde os primeiros colonos até hoje.

A origem do núcleo urbano remonta à desativada Real Feitoria do Linho-Cânhamo, onde chegaram os 39 imigrantes enviados por D. Pedro I. Enquanto aguardavam o loteamento das glebas coloniais, instalaram-se nesse posto à beira do rio e batizaram o local de Colônia Alemã de São Leopoldo, homenagem à imperatriz Leopoldina. A escolha das margens do Sinos não foi casual: seu curso oferecia água, terra fértil e uma via de comunicação estratégica com a capital.

Nos decênios seguintes, o Rio dos Sinos serviu de “estrada líquida” para a Colônia. Barcas moviam passageiros, suprimentos e excedentes agrícolas, sustentando a economia nascente e, durante a Revolução Farroupilha, abastecendo Porto Alegre sitiada. O transporte fluvial permaneceu vital até o início do século XX, quando começou a perder espaço para trilhos e estradas, mas deixou marcas profundas no perfil socioeconômico local.

A proximidade com o rio também impulsionou a industrialização. A construção da ponte sobre o Sinos em 1873 e a inauguração da primeira ferrovia da província, em 1874, conectaram São Leopoldo a Porto Alegre e, depois, a todo o Vale dos Sinos, atraindo curtumes, fábricas de calçados e mais tarde instituições de tecnologia que ainda hoje caracterizam a cidade.

Esse vínculo, porém, cobrou seu preço ambiental. Poluição industrial e urbana reduziram a qualidade da água e culminaram em tragédias como a mortandade de peixes em 2006, considerada a pior do estado em quatro décadas. Para reverter o quadro, campanhas de conscientização — como a Semana do Rio dos Sinos, celebrada a cada 17 de março — e projetos de saneamento buscam restaurar a vitalidade do rio que abastece cerca de 1,4 milhão de habitantes do vale.

Hoje, o Rio dos Sinos continua sendo referência geográfica, cultural e afetiva para São Leopoldo. Preservar suas águas é preservar a própria memória da colonização alemã e garantir um futuro sustentável a uma cidade que nasceu, cresceu e ainda depende do ritmo desse curso serpenteante.

(Diversas fontes)

Um vídeo sobre as nascentes do rio podem ser visto aqui:

https://www.magus-magic.com/vdeos-1/v/2021-a-nascente-do-rio-dos-sinos?rq=sinos